Silêncio pesado...


























Numa semana, todos se insurgem e todos têm palavra; todos querem dizer o que pensam, até a quem gere a Universidade.

É triste que na semana seguinte essa vontade tenha desvanecido... Mais do que triste, é incompreensível! Ou será que a movimentação da semana passada até à secretaria não passou de um "arrastão", de um aproveitamento (inconsciente?) de uma situação de euforismo pontual?

Se os alunos insurgentes acreditam, de facto, nos valores que proferiram (e continuam a proferir) então que sejam coerentes e mantenham a postura; ou será que só enfrentam touros quando estão do outro lado da paliçada?

Uns quantos toureiros no meio da praça, contra touros experientes, têm poucas hipóteses de conseguir pegá-los - por muito público que esteja nas bancadas a apoiá-los. O mais certo é levarem umas valentes cornadas e serem arrastados pelo chão.
Mas se todos os espectadores entrarem na praça, os touros não têm hipótese - vão ter de amansar!

Os alunos têm poder efectivo sobre a administração da Universidade!

Têm é de ter vontade e coragem e "entrar na praça" para lutar pelos seus direitos, porque é mesmo disso que se trata: da usurpação flagrante dos nossos direitos!

Vêmo-los serem diariamente espezinhados, enquanto se riem de nós! Vamos a deixá-los continuar?

Próximo passo

Um grupo de alunos do terceiro ano das turmas da manhã redigiu um abaixo-assinado que já percorreu as turmas da manhã de todos os anos. Uma cópia desse abaixo-assinado encontra-se agora comigo para que os alunos da tarde, de todos os anos, também possam manifestar o seu desagrado perante a falta de condições que temos e o decréscimo vertiginoso da qualidade do nosso ensino!

Junto com o abaixo-assinado - que será entregue em mão ao Prof. Ricardo Leite Pinto (vice-presidente do Conselho Directivo da Universiadade), bem como ao Prof. Braizinha (coordenador da Licenciatura em Arquitectura) e à Dra. Paula Neves (Chefe da secretaria da Universidade) - será entregue um anexo com reclamações pessoais devidamente identificadas. Não têm tanto peso como uma entrada no livro de reclamações da Universidade, mas sempre é uma possibilidade de manifestarmos a nossa opinião.

Tentarei percorrer todas as turmas da tarde o mais brevemente possível; se entretanto quiserem assiná-lo, podem encontrar-me perto da sala 1Q no ar-líquido.

O dia seguinte

Pela primeira vez desde que sou aluno desta Universidade, senti que o clima entre os estudantes estava diferente; a tensão, à muito acumulada pelos alunos, ganhou corpo e revelou-se perante os órgãos competentes: o coordenador da Lincenciatura em Arquitectura (Prof. Braizinha), o vice-presidente do Conselho Directivo (Prof. Ricardo Leite Pinto) e a Chefe da Secretaria (Paula Neves).

Hoje respirava-se confiança no ar-líquido, algo que nunca lá vira (salvo casos pontuais).

Já todos percebemos que temos direitos, e que mais ninguém os poderá reivindicar além de nós, estudantes!

Tentaram calar-nos ontem com promessas que não irão resolver os nossos problemas, pois estes são estruturais – o excesso de alunos por turma, quando há professores por colocar; aulas sobrelotadas e falta de condições para realizá-las.


Querem tapar o sol com uma peneira... correm o risco de se queimar!

Univ. Lu$íada de Lisboa



Hoje foi a gota de água! Mais uma aula cheia numa sala desadequada; mais uma aula inaudível e bafienta, até para quem se sentou à frente – onde há mais espaço livre e mais proximidade com os professores. Ninguém ouvia ninguém.

Levantámo-nos e dirigimo-nos aos órgãos competentes, unidos!

Tentaram esconder o problema com falsos desconhecimentos da situação, com desresponsabilizações pessoais incompreensíveis, com tentativas de descrédito dos docentes e – pior ainda – com propostas levianas com o intuito de iludir os estudantes desta instituição na sua (aparente) ingenuidade.

Julgam-nos de desatenção, desinteresse e irresponsabilidade e, contudo, dão-nos o pior exemplo a seguir através das suas atitudes; esquecem-se que os estudantes são o reflexo do meio que os rodeia e que esse meio tem a Universidade como centro!

Hoje foi dado um primeiro passo significativo na reivindicação dos direitos dos alunos desta universidade, mas ainda há uma longa (e penosa) caminhada pela frente se queremos – de facto – ter direito àquilo que merecemos: um ensino com qualidade e de excelência!