Contas Simples

Nos horários do 3º ano aparecem os nomes de 26 docentes, distribuídos por 9 turmas.
Se se estimar que cada professor recebe € 1.000 por mês (a maioria deve receber menos que isso) e que cada turma tem uma média de 30 alunos inscritos (a maior parte tem mais), o balanço entre o que pagamos e eles recebem é o seguinte:


Estimativa do valor mensal dos honorários dos docentes:
26 docentes x € 1.000 = € 26.000

Estimativa do valor mensal pago pelos alunos:
(30 alunos x 9 turmas) X € 300 = € 81.000


Desta estimativa, deduz-se que apenas cerca de 32,1 % do valor que pagamos mensalmente é utilizado para pagar os honorários dos docentes. O que acontece aos restantes 67,9 % correspondentes a € 55.000 do valor total (estimado) pago pelos alunos mensalmente?? Isto só no 3º ano, relembro-vos...


No caso (idílico) de cada docente receber mensalmente € 2.000 de honoráios (perfazendo um total de € 52.000), o montante restante seria € 29.000 - só por um ano!
Tenho dificuldade em acreditar que esse valor não chegue para cobrir, por mês, as despesas com funcionários e electricidade (apenas com Arquitectura).

Para onde vai o nosso dinheiro??  Porque não temos as devidas condições??

Muito ar, pouco líquido.

A secura dos armazéns, (mal) apropriados para outros fins que não os da sua génese, parece contagiar-nos a todos; parece tirar-nos a vontade de criar, de fazer... e de aprender.

Fora das barracas não se vê arquitectura; dentro das barracas vê-se pouca. Ou vê-se alguma, mas a sua estadia é tão curta e turbulenta que mal temos tempo para a apreciar.

Falta sumo àquele espaço árido. Falta sentir-se que se está numa Faculdade de Arquitectura e Artes!

E o mesmo é válido para os estudantes de Design, que nem parecem lá estar. Mas estão. Mas estamos!

O ar-líquido somos nós! Falta fazer com que isso se perceba; falta caracterizar aquele espaço com os nossos trabalhos, com as nossas investigações paralelas aos cursos, com as nossas inquietações. Falta dar-lhe alma; vencer a timidez e mostrar o que somos capazes de criar.


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Adicionei esta noite alguns links de ateliers de Arquitectura; faltam muitos mais! O mesmo se passa com Design, pelo que peço a vossa contribuição.

O que acharem digno de registo, enviem para o mail do blog (ar.liquido@gmail.com). 

É $ó facturar!

Se um professor falta a uma aula ou chega mais de 10 minutos atrasado, é descontado no ordenado - caso a falta/atraso não seja justificado. Uma medida rígida que pretende disciplinar os docentes e "incentivá-los" a serem pontuais.

Muito bem, compreende-se... mas então, por que razão não são os alunos - os lesados na questão - ressarcidos do valor descontado ao professor em falta? Se os alunos pagam por um serviço e este não lhes é prestado, por que motivo não são "indemnizados" por isso?

Por que razão pagámos a totalidade das aulas que foram (utopicamente) calendarizadas se não as tivemos? Por que razão tem um aluno, que só se inscreve a meio de Outubro ou início de Novembro, de pagar os meses anteriores, de que não pôde usufruir?

 

Srs. Professores?

Não consigo compreender uma coisa: se uma reunião geral de professores tem de ser marcada com antecedência, porque razão não foram os alunos avisados que hoje não iriam ter as aulas coincidentes com a duração da reunião?

S. Martinho tardio



Quem foi ontem ao ar-líquido durante o dia deparou-se com um cenário estranho: um grupo de pessoas ao portão, um touro mecânico - com o respectivo comentador apregoando a oferta de um telemóvel para quem se aguentasse mais tempo em cima do bicho; um vendedor de castanhas e água pé e muitos, muitos autocolantes...


Se pensaram que era uma festa de S. Martinho tardia, enganaram-se!

Por muito incrível que possa parecer, era a campanha eleitoral de uma das listas concorrentes para a Associação Académica... Se lhes perguntarem por ideias ou projectos, falam-vos logo em festas e garraiadas; ideias para quê?

Mais acima - e mais discretamente – encontravam outra lista cocorrente e rapidamente se apercebiam que o discurso e as caras eram diferentes. A própria abordagem era diferente, oferecendo-se logo para discutir as suas ideias e novas propostas.
Sem música, sem touros mecânicos, sem castanhas nem água-pé – “apenas” com ideias, propostas e vontade de mudar.

As eleições no ar-líquido são na quinta-feira.

 

ENSINO (universitário) SECUNDÁRIO



Que o estado da nação é preocupante, já todos sabemos; alarmante é ver o timoneiro rumar directamente para a tempestade!

Será a velhinha caravela capaz de aguentar a tormenta, quando os carpinteiros pouparam irremediavelmente na madeira do casco e não se remendam as velas esfarrapadas? Não admira que tantos marujos competentes se lancem borda fora, preferindo enfrentar as águas frias e brutas do mar, em busca de terra firme,
em vez de ficar a bordo num pasmo contemplativo de desgraças vindouras...

Como previsto...

... alteraram os horários e fizeram-no sem aviso!

O resultado - tirando o transtorno da mudança de horas de algumas aulas - parece-me positivo. A aula de História da Arquitectura hoje esteve significativamente mais audível e respirável!

Caso discordem da alteração, deixem aqui o vosso comentário ou enviem-no para o mail.

Quem cala, consente?

Esta é uma máxima que me irrita solenemente.

Talvez seja por a ver aplicada constantemente em contradição com o que as pessoas realmente pensam, o que me leva a pensar que essas pessoas não têm opinião - o que nem sempre é verdade.
Se não têm opinião sobre questões que lhes dizem directamente respeito, é bom que estruturem uma - por mais elementar que seja; se têm opinião, porque não a expressam?

Tanto a ausência de opinião como a sua não-expressão se reflectem na perda de liberdade (pessoal e colectiva) e - regra geral - na usurpação de direitos dos outros para proveitos próprios.

Pior... quando há falta de seriedade por parte de quem gere/governa, criam-se situações de esclavagismo auto-induzido e indutor, eleito por silêncios ensurdecedores que calam opiniões discordantes e esganam as vontades mais tímidas.

Quebrem-se as barreiras do preconceito e aprendamos a ouvir os outros com respeito. E se achamos que o que ouvimos é absurdo, chamem-se os interlocutores à razão através de argumentos bem fundamentados.

Se quem se cala não quer consentir, então que fale e páre de se flagelar!

segunda-feira de charneira?

Amanhã terá lugar a primeira reunião do Conselho de Administração da Universidade desde que se levantaram as vozes de protesto sobre este ano vergonhoso, pelo que terça-feira (esperemos) já deve haver uma resposta oficial relativamente ao funcionamento das aulas teóricas em Arquitectura.

A medida deve passar pela redução do número de turmas, o que significa que terá de haver alterações nos horários - o que já aconteceu relativamente às salas de aula, em algumas turmas.

Estejam atentos!

Sabiam que...

... as férias de natal só começam dia 23 de Dezembro e terminam dia 2 de Janeiro, para tentar compensar o atraso no início das aulas?

... a média de alunos por turma (no 3º ano, pelo menos) é de 35? O que significa que nas aulas práticas de projecto o professor deverá acompanhar e discutir 35 projectos diferentes - numa situação idílica de assiduidade!

... a sugestão do vice-presidente do Conselho de Administração da Universidade (Prof. Ricardo Leite Pinto) para o "congestionamento" de maquetes nas aulas passa pela calendarização das apresentações das mesmas por parte dos professores, o que daria para cada aluno discutir o seu projecto cerca de uma vez por semana?

... o mesmo senhor confirmou que o aumento de cerca de 7,6% no valor da propina anual está relacionado com a construção das futuras instalações da Universidade, das quais não tiraremos proveito, e com a redução do valor das inscrições para os exames de época especial? - Ao que o Prof. responde: "A vida é feita de penalizações e dificuldades!"

... apesar do aumento da propina anual, o salário dos professores não aumentou nada (tal como nos anos anteriores) e que há menos professores a leccionar este ano? - o que se reflecte numa margem de lucro maior para a Universidade...


... o número total de assinaturas recolhidas no abaixo-assinado para a melhoria das condições nas aulas teóricas foi de 933(!) - o que significa que, apesar de não ter sido possível abordar todos os alunos, há um manifesto descontentamento para com a administração da Universidade e as condições de que dispomos para aprender?



E ainda...

... Sabiam que este blog está aberto às vossas opiniões, quer sejam colegas, futuros colegas, ex-colegas, professores, pais, etc?

Este espaço também é vosso!

Silêncio pesado...


























Numa semana, todos se insurgem e todos têm palavra; todos querem dizer o que pensam, até a quem gere a Universidade.

É triste que na semana seguinte essa vontade tenha desvanecido... Mais do que triste, é incompreensível! Ou será que a movimentação da semana passada até à secretaria não passou de um "arrastão", de um aproveitamento (inconsciente?) de uma situação de euforismo pontual?

Se os alunos insurgentes acreditam, de facto, nos valores que proferiram (e continuam a proferir) então que sejam coerentes e mantenham a postura; ou será que só enfrentam touros quando estão do outro lado da paliçada?

Uns quantos toureiros no meio da praça, contra touros experientes, têm poucas hipóteses de conseguir pegá-los - por muito público que esteja nas bancadas a apoiá-los. O mais certo é levarem umas valentes cornadas e serem arrastados pelo chão.
Mas se todos os espectadores entrarem na praça, os touros não têm hipótese - vão ter de amansar!

Os alunos têm poder efectivo sobre a administração da Universidade!

Têm é de ter vontade e coragem e "entrar na praça" para lutar pelos seus direitos, porque é mesmo disso que se trata: da usurpação flagrante dos nossos direitos!

Vêmo-los serem diariamente espezinhados, enquanto se riem de nós! Vamos a deixá-los continuar?

Próximo passo

Um grupo de alunos do terceiro ano das turmas da manhã redigiu um abaixo-assinado que já percorreu as turmas da manhã de todos os anos. Uma cópia desse abaixo-assinado encontra-se agora comigo para que os alunos da tarde, de todos os anos, também possam manifestar o seu desagrado perante a falta de condições que temos e o decréscimo vertiginoso da qualidade do nosso ensino!

Junto com o abaixo-assinado - que será entregue em mão ao Prof. Ricardo Leite Pinto (vice-presidente do Conselho Directivo da Universiadade), bem como ao Prof. Braizinha (coordenador da Licenciatura em Arquitectura) e à Dra. Paula Neves (Chefe da secretaria da Universidade) - será entregue um anexo com reclamações pessoais devidamente identificadas. Não têm tanto peso como uma entrada no livro de reclamações da Universidade, mas sempre é uma possibilidade de manifestarmos a nossa opinião.

Tentarei percorrer todas as turmas da tarde o mais brevemente possível; se entretanto quiserem assiná-lo, podem encontrar-me perto da sala 1Q no ar-líquido.

O dia seguinte

Pela primeira vez desde que sou aluno desta Universidade, senti que o clima entre os estudantes estava diferente; a tensão, à muito acumulada pelos alunos, ganhou corpo e revelou-se perante os órgãos competentes: o coordenador da Lincenciatura em Arquitectura (Prof. Braizinha), o vice-presidente do Conselho Directivo (Prof. Ricardo Leite Pinto) e a Chefe da Secretaria (Paula Neves).

Hoje respirava-se confiança no ar-líquido, algo que nunca lá vira (salvo casos pontuais).

Já todos percebemos que temos direitos, e que mais ninguém os poderá reivindicar além de nós, estudantes!

Tentaram calar-nos ontem com promessas que não irão resolver os nossos problemas, pois estes são estruturais – o excesso de alunos por turma, quando há professores por colocar; aulas sobrelotadas e falta de condições para realizá-las.


Querem tapar o sol com uma peneira... correm o risco de se queimar!

Univ. Lu$íada de Lisboa



Hoje foi a gota de água! Mais uma aula cheia numa sala desadequada; mais uma aula inaudível e bafienta, até para quem se sentou à frente – onde há mais espaço livre e mais proximidade com os professores. Ninguém ouvia ninguém.

Levantámo-nos e dirigimo-nos aos órgãos competentes, unidos!

Tentaram esconder o problema com falsos desconhecimentos da situação, com desresponsabilizações pessoais incompreensíveis, com tentativas de descrédito dos docentes e – pior ainda – com propostas levianas com o intuito de iludir os estudantes desta instituição na sua (aparente) ingenuidade.

Julgam-nos de desatenção, desinteresse e irresponsabilidade e, contudo, dão-nos o pior exemplo a seguir através das suas atitudes; esquecem-se que os estudantes são o reflexo do meio que os rodeia e que esse meio tem a Universidade como centro!

Hoje foi dado um primeiro passo significativo na reivindicação dos direitos dos alunos desta universidade, mas ainda há uma longa (e penosa) caminhada pela frente se queremos – de facto – ter direito àquilo que merecemos: um ensino com qualidade e de excelência!